24 de julho de 2014

Grace de Mônaco (de Olivier Dahan, 2014)

Uma sensação de desapontamento perpassa toda a exibição de Grace de Mônaco (Grace de Monaco, 2014), e o sentimento não é apenas gerado devido as altas expectativas pela história da atriz e princesa Grace Kelly (Nicole Kidman), mas também pela direção pobre e exagerada de Olivier Dahan, diretor de Piaf - Um Hino ao Amor (2007).

Se em Piaf, a direção de Dahan era salva pela perfomance carismática de Marion Cottilard e em como conseguiu de forma satisfatória se utilizar do melodrama, aqui em Grace, quase 7 anos após a cinebiografia da cantora francesa, assistimos à uma produção sem carisma, sem paixão e que parece se firmar em estruturas que poderiam ser fortes e interessantes, mas que se tornam fracas e sem muita profundidade: política, insatisfação, sacrifícios e a força de uma mulher, não de Grace Kelly atriz ou Grace, a Princesa de Mônaco, mas sim o papel que uma mulher precisa exercer em função daqueles que ama e com isso, sacrificar-se.

Não era exagerada a reação de Harvey Weinstein em querer reeditar a obra para lançá-la no mercado norte-americano. Um dos problemas de Dahan reside exatamente aí, na montagem e no ritmo que essa dá ao seu filme. Sem focar nos closes e se aproximando de planos detalhe dos olhos de Kidman durante toda cena tensa ou emocional, o diretor é puro excesso. Mesmo que isso seja característico de sua inspiração principal, os melodramas, sua direção deixaria Douglas Sirk com vergonha. Afinal, ao contrário de Dahan, Sirk (pai do melodrama) com todo seu domínio não ameaçava abordar um assunto ou o apontava de forma superficial, ia no cerne da problemática apontada. Faltou coragem a Dahan de encontrar esse cerne. Mas resta ao diretor apenas o sentimento que Grace Kelly deve ter sentido ao ver que sua vida em Mônaco seria só mais um papel ficcional que viria a desempenhar: frustração.

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